Por que o PHP não morreu (e o Laravel é a prova disso)

Falar que o “PHP morreu” virou o esporte favorito de quem começou a programar há pouco tempo. Todo ano sai um novo artigo decretando o fim da linguagem, geralmente escrito por alguém vendendo curso de uma stack “revolucionária” que vai desaparecer em dois anos. Enquanto isso, o PHP continua rodando muito bem.

A realidade é que o PHP de hoje (versões 8+) não tem nada a ver com aquele código espaguete do PHP 5.x que traumatizou muita gente. Ele evoluiu, ficou rápido, ganhou tipagem forte e, principalmente, tem um ecossistema maduro que poucas linguagens conseguem igualar.

E grande parte dessa “ressurreição” na percepção do mercado se deve ao Laravel.

O PHP Moderno é Tipado e Seguro

Se a sua última experiência com PHP foi há 10 anos, você lembra de variáveis soltas, falta de tipos e erros silenciosos. O PHP 8 mudou o jogo. Hoje temos Constructor Property Promotion, Enums, Readonly Classes e um sistema de tipos robusto.

Olha a diferença de limpeza e segurança no código:

// PHP Antigo (Verborrágico e inseguro)
class User {
    public $name;
    public $email;

    public function __construct($name, $email) {
        $this->name = $name;
        $this->email = $email;
    }
}

// PHP Moderno (Limpo, tipado e direto)
readonly class User {
    public function __construct(
        public string $name,
        public string $email,
    ) {}
}

// PHP Antigo (Verborrágico e inseguro)
class User {
    public $name;
    public $email;

    public function __construct($name, $email) {
        $this->name = $name;
        $this->email = $email;
    }
}

// PHP Moderno (Limpo, tipado e direto)
readonly class User {
    public function __construct(
        public string $name,
        public string $email,
    ) {}
}

Você escreve menos, o código fica mais legível e a linguagem te protege de erros bobos de tipagem. É a mesma segurança que buscamos no TypeScript, nativa no back-end.

O Efeito Laravel no PHP

O Laravel fez pelo PHP o que o Rails fez pelo Ruby: trouxe elegância e produtividade. Ele abstrai a parte chata do desenvolvimento web (autenticação, filas, cache, validação) de um jeito que flui naturalmente.

Enquanto em outras stacks você precisa configurar cinco bibliotecas diferentes só para conectar no banco e validar um formulário, no Laravel a sintaxe é quase inglês fluente. Sério, aqui isso é muito tranquilo.

Veja como é simples buscar usuários ativos e ordenar por data usando o Eloquent ORM:

// Buscar usuários ativos
$users = User::where('is_active', true)
    ->orderBy('created_at', 'desc')
    ->get();

// Buscar usuários ativos
$users = User::where('is_active', true)
    ->orderBy('created_at', 'desc')
    ->get();

Tente fazer a mesma query e hidratação de objetos “na unha” em outras linguagens e compare o tempo gasto. O Laravel foca na Developer Experience (DX). A ferramenta trabalha pra você, não o contrário.

Performance e JIT

Outro mito é a lentidão. Desde o PHP 7, a performance dobrou. Com a chegada do JIT (Just In Time Compiler) no PHP 8, a execução de scripts complexos ficou ainda mais eficiente.

Para o contexto web (receber requisição, processar, devolver HTML/JSON), o PHP é extremamente rápido e consome muito menos memória do que aplicações Java ou Node mal otimizadas. Além disso, o deploy é ridículo de simples: qualquer servidor Linux básico roda PHP sem precisar de pipelines complexos de build se você não quiser. Além da facilidade de subir qualquer sistema PHP em hospedagens que temos no Brasil, como Hostinger ou HostGator.

O ecossistema (Composer)

Não dá para ignorar o Composer. Ele é, indiscutivelmente, um dos melhores gerenciadores de dependências que existem. É estável, previsível e fácil de usar. O ecossistema de pacotes do PHP é gigantesco e maduro. Precisa manipular PDF? Tem pacote estável há 10 anos. Precisa de integração com AWS? Tem SDK oficial.

A robustez do ecossistema PHP é, em grande parte, uma consequência direta de sua onipresença. Com a linguagem alimentando uma parcela massiva da web, tanto o núcleo do PHP quanto suas bibliotecas mais populares passam por um processo contínuo e intenso de “battle-testing” (teste de batalha). Esse volume colossal de uso garante que bugs, gargalos de performance e vulnerabilidades sejam identificados e corrigidos com extrema rapidez, resultando em pacotes excepcionalmente maduros. Ao instalar uma dependência consolidada, você raramente está agindo como “cobaia”; pelo contrário, está herdando um código que já foi validado em milhões de ambientes de produção ao redor do mundo, criando um ciclo virtuoso de estabilidade e confiança que poucas tecnologias conseguem igualar.

Conclusão

O PHP não morreu porque ele resolve problemas reais de forma barata e eficiente. Startups e empresas consolidadas continuam usando porque, no fim do dia, o cliente não quer saber se o seu back-end é escrito em Rust ou Go; ele quer o produto funcionando.

Se você quer construir produtos robustos, escaláveis e com velocidade de desenvolvimento, ignorar o PHP moderno e o Laravel em 2025 é um erro estratégico, não uma escolha técnica superior.